
Diretor Executivo da SIM
Idades: uma questão de tempo (em todos os sentidos)
O conceito de “idade” é, em grande parte, uma construção social. Há apenas algumas décadas, completar 50 anos era sinônimo de velhice. Hoje, essa mesma marca é encarada como o auge da maturidade, com vitalidade renovada e novos projetos de vida. Essa mudança não ocorre por acaso. Ela é fruto de avanços em ciência, tecnologia, qualidade de vida e, sobretudo, de consciência sobre saúde e longevidade.
Nesse contexto, torna-se essencial revermos nossos paradigmas sobre o que significa envelhecer, ser idoso ou aposentado. Para nós, da SIM e da FUSESC — instituições cuja atuação está profundamente ligada à proteção da saúde e da previdência — essa reflexão é mais do que pertinente: é estratégica e humanamente necessária.
Justiça histórica, não apenas gratidão
Ao olhar para o presente com responsabilidade, somos chamados a reconhecer um imperativo moral: cultivar uma consciência coletiva de respeito aos aposentados. Essa valorização vai além da gratidão. Trata-se de justiça histórica com aqueles que sustentaram, com seu trabalho, as estruturas sobre as quais hoje nos apoiamos.
Vivemos em tempos de acesso facilitado à informação, inovação tecnológica e políticas de saúde mais robustas. Mas esses confortos de hoje nasceram de um passado marcado pela escassez, pela coragem e pelo sacrifício silencioso de gerações que não herdaram sistemas prontos — eles os construíram.
Foram essas pessoas que abriram caminhos, que enfrentaram o novo com incerteza, mas também com coragem. Elas que fizeram dos desafios soluções, das limitações oportunidades. Foram, muitas vezes, os protagonistas invisíveis dos “cases de sucesso” que hoje celebramos em congressos e relatórios.
Aposentadoria é também memória viva
Falar de aposentadoria não é apenas abordar a previdência ou a gestão financeira do tempo pós-laboral. É falar de legado. É reconhecer que a memória social de um povo, de uma instituição ou de uma categoria profissional é construída por aqueles que vieram antes.
Ao lado da FUSESC, reconhecemos que o perfil etário dos nossos beneficiários não é um desafio: é uma riqueza. Representa um acervo de histórias, valores, conquistas e, sim, também de lutas. Esses homens e mulheres são pilares éticos, culturais e sociais da nossa existência institucional.
Como queremos envelhecer?
A longevidade é uma conquista. Mas ela precisa ser acompanhada de políticas de valorização, cuidado e pertencimento. Vivemos mais — e viveremos juntos por mais tempo. Como queremos que essa convivência se dê?
O respeito aos aposentados é, antes de tudo, um compromisso com o futuro. É o primeiro gesto de autocuidado coletivo. É educar as gerações mais jovens a respeitar os que vieram antes, para que saibam, no tempo certo, também serem respeitadas.
Se não construirmos hoje essa ponte de empatia intergeracional, arriscamos criar um vácuo de solidariedade — um tempo em que o envelhecer será sinônimo de isolamento, e não de sabedoria partilhada.
Memória, gratidão e ação
Cabe a nós irradiarmos essa consciência em cada decisão institucional. Que as ações da SIM (alongar a vida das pessoas de forma saudável) e da FUSESC (garantindo uma renda futura) continuem a refletir esse compromisso com a valorização dos aposentados, não apenas por sua contribuição passada, mas pela presença viva e ativa que representam hoje — como conselheiros, cuidadores, lideranças, inspiradores.
O respeito aos aposentados é um ato de lucidez coletiva. É lembrar que todos, cedo ou tarde, passaremos pela mesma estrada. E é nesse percurso que devemos plantar as sementes da dignidade, da escuta e do cuidado.
Com a força transformadora da memória, da gratidão e da justiça intergeracional, seguimos em frente.