No dia 24 de agosto foi celebrado o Dia Internacional da Infância. Essa data foi instituída com o objetivo de discutir sobre as condições e realidades das crianças em todo o mundo, sobre seus acessos a direitos e serviços básicos, como alimentação, moradia, formação social, educacional e outros, que são fundamentais para um desenvolvimento harmonioso e seguro.
No Brasil, além do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) sancionado no início da década de 90 e que garante direitos primordiais à segurança e ao desenvolvimento de cidadãos com idade inferior a 18 anos, temos também a Lei nº 13.257/2016, conhecida como Marco da Primeira Infância. Dentre muitos direitos assegurados por esta lei está o direito ao brincar. Sendo assim, desde a data de 8 de março de 2016, o brincar é um direito assegurado por lei a toda criança de 0 a 6 anos. Mas por que algo que parece tão corriqueiro e um simples momento de lazer possui uma lei assegurando o seu acesso? Qual a importância do brincar para a vida e para o desenvolvimento de uma criança?
Quando nascemos não recebemos de antemão um manual do mundo, da ordem social e nem sobre quem nós somos. Tudo isso se dá por descoberta, por exploração de tudo aquilo que nos cerca. Ao brincar a criança ressignifica o mundo a sua volta de acordo com a sua própria percepção. Ela emula as interações sociais, coloca-se no lugar de coisas, pessoas e animais, aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a entender a si mesma e ao outro. Tudo isso aos olhos mais despercebidos pode parecer faz de conta sem muita estrutura formal ou objetivo, mas na verdade é fundamental para o desenvolvimento afetivo, social, psicológico e motor da criança. Nenhuma criança pode se desenvolver plenamente sem poder brincar.
Por isso é importante separar na rotina da criança um momento para que ela possa exercer o livre brincar, ser criativa e explorar o mundo. É importante também que este seja um tempo livre de telas, pois em uma interação virtual a criança somente consome um conteúdo, torna-se espectadora, no máximo coadjuvante, mas não protagonista deste momento.
De forma semelhante, apesar de benéficas para o desenvolvimento motor da criança, aulas programadas em escolinhas esportivas não devem substituir o momento do brincar, pois em uma aula estruturada os significados e os objetivos já estão postos, a criança possui pouco espaço para criar e ressignificar as atividades segundo sua perspectiva de mundo.
Portanto, se você convive com uma criança, seja um facilitador do acesso a esse direito, estimulando-a a brincar, participando ativamente desses momentos e proporcionando um ambiente seguro em que ela possa se expressar e desenvolver-se livremente.
Jackson R. Ricardo – Profissional de Ed. Física – 025490-G/SC